Há quem pense que o tempo é longo, já eu creio que seja
curto. Teria que viver, no mínimo, dez vidas para realizar tudo o que penso.
Ler todos os livros interessantes já escritos. Conhecer todos os países
espalhados pelo mapa. Navegar os sete mares e visitar cada corredor de cada museu
já erguido. Veja bem, quantos bilhões de pessoas estão sob ação da gravidade,
caminhando pelas ruas do imenso globo? No entanto, não é possível conhecer nem
mesmo todos os cidadãos do nosso bairro. Quanta sabedoria perdemos pela falta
de oportunidade de conhecer sábios e crianças distantes. Quantas pessoas
poderiam ser maravilhosas em nossas vidas, se não estivessem do outro lado do
Atlântico, sem ao menos saber de nossa existência? É um desperdício. Eu deveria
viver muitos e muitos anos para não perder a passagem daquele cometa. Para
decorar meus poemas preferidos, desenhar quantas coisas bem entendesse,
aprender outras cinco línguas. O tempo é curto! A cada dia, mata um desejo que
não se tornará real pela falta dele. Nós acordamos e já não possuímos os
segundos que passaram, já não damos conta de fazer tudo o que faríamos. Quem
dera eu pudesse ter todo o tempo do mundo. Minhas prateleiras estariam cheias,
minha mente lotada de informações, meu coração transbordando felicidade. Mas
enquanto isso não mudar, e o tempo continuar uma flor cujas pétalas são
arrancadas diariamente numa espécie de bem-me-quer, mal-me-quer, tratemos de
aproveitá-lo como se a morte nos esperasse na próxima primavera.
Nenhum comentário:
Postar um comentário